Ela é elegante sem esforço. Tem pele de porcelana, cabelo sempre limpo, perfume que exala dinheiro antigo e um closet digno da Quinta Avenida. A rich girl aesthetic tomou conta do TikTok, ressuscitando o glamour das socialites dos anos 2000 e misturando referências de Blair Waldorf,
Serena van der Woodsen, Paris Hilton e até mesmo da realeza europeia. Mas por trás das saias plissadas e laços de cetim, essa tendência diz muito sobre como a cultura pop consome e romantiza o luxo em tempos de crise.
A nova geração de Blair Waldorf

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O TikTok virou o Upper East Side 2.0. Perfis com milhões de visualizações ensinam como parecer rica com truques simples de imagem: looks monocromáticos, lenços de seda, bolsas estruturadas e make minimalista com glow de herdeira. E o mais curioso? Muitas dessas garotas não são ricas. Mas performam riqueza como linguagem estética e aspiracional.
Blair Waldorf, musa original dessa estética, continua sendo referência direta. O colar de pérolas, a tiara, os vestidos da Alice + Olivia… tudo isso voltou. Em vídeos com áudios de Gossip Girl, criadoras ensinam como “acordar como se tivesse uma governanta”. A vibe não é sobre ter dinheiro, é sobre parecer que você tem. Com estratégia e confiança.
Do old money ao clean girl: a fusão estética que dominou o TikTok

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A estética rich girl bebe direto da fonte do chamado old money aesthetic, o visual de riqueza tradicional, com toques de clean girl – pele glow, coque baixo, blush corado. O resultado é uma fusão entre legado e juventude. Pense em Sofia Richie Grainge, filha de Lionel Richie e novo ícone da elegância silenciosa. Ou Emma Chamberlain, que saiu do YouTube bagaceira para os desfiles da Louis Vuitton.

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Tudo isso mostra como a internet tem o poder de pegar um arquétipo clássico, a patricinha rica, fria, inalcançável, e remodelar para a era da autoprodução e da influência.
Luxo acessível ou ilusão de ótica?

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Enquanto muitas meninas usam fast fashion para compor seus looks de “princesa do Upper East Side”, a verdade é que essa estética ainda reforça um ideal de consumo inatingível. Não à toa, as marcas de luxo dispararam no interesse do público jovem. A Dior virou símbolo entre tiktokers. A Miu Miu ressuscitou as micro-saias. E até a Loewe se popularizou em vídeos com truques de como
parecer rica com apenas uma peça cara.
Por mais que se venda como algo possível, a estética rich girl segue sendo uma vitrine de desejo. E talvez seja exatamente esse o ponto: viver um personagem por alguns segundos para escapar da realidade.
O algoritmo ama uma garota rica
Vídeos com “rotina da menina rica”, “jantar no Fasano” e “compras no Village Mall” têm engajamento altíssimo. E isso não é por acaso. O TikTok reforça o espetáculo do estilo de vida idealizado. Mesmo quando não é real, ele viraliza. Afinal, toda geração precisa de um sonho para encenar. E em 2025, esse sonho veste Ralph Lauren, bebe Bellini no almoço e sorri com gloss Dior.
Ser ou parecer? Eis a questão fashion
No fim das contas, a estética rich girl não é sobre renda, mas sobre narrativa. É um teatro bem montado, com trilha sonora de Lana Del Rey, figurino de Blair Waldorf e roteiro digno de um comercial da Chanel. E enquanto o público quiser assistir, o show da ostentação refinada continua.